domingo, 20 de setembro de 2009

Venezuela: Vitória dos Trabalhadores de Mitsubishi!






Vitória dos Trabalhadores de Mitsubishi!
escrito por O Militante.
terça-feira, 08 de setembro de 2009



Na tarde desta segunda-feira 7 de setembro recebíamos dos camaradas de SINGETRAM (Sindicato dos trabalhadores da fábrica Mitsubishi na Venezuela) a notícia da retirada do pedido de fechamento por parte da gerencia de MMC Automotriz e o reinicio de atividades a partir de 21 deste mesmo mês. Este vitória dos trabalhadores da Mitsubishi deu-se sobre a base da mobilização, a firmeza na defesa da dignidade dos trabalhadores e os postos de trabalho, na genuína democracia sindical no momento de discutir a atuação diante do louckout ("greve" patronal) e à participação conjunta de operários, camponeses, estudantes e comunidades na construção de uma Comuna Socialista que impulsione o Parque Industrial Socialista na zona industrial de os Montões, de Barcelona agrupando às bases do PSUV contra a nova agressão da multinacional japonesa.

A "greve" patronal


No ultimo de 24 de Agosto a empresa concluiu a suspensão de operações na planta de MMC Automotriz, localizada na Zona Industrial dos Montões, em Barcelona, Anzoátegui, paralisando a montadora de maneira unilateral em uma nova tentativa por acabar com o sindicato SINGETRAM. Ao melhor estilo da sabotagem patronal de dezembro 2002, a gerencia da montadora automotriz decidiu pelo fechamento da planta, ameaçando com não retomar operações, a possibilidade de abandonar a produção no país, tudo isto alegando uma suposta anarquia dentro da empresa e uma baixa produtividade dos trabalhadores da planta. Na nota de imprensa publicada o mesmo dia 24 por AFP assinala-se que “A companhia, cuja planta montadora se encontra em Barcelona, no leste da Venezuela, pôs ponto final a seu trabalho devido ‘ao baixíssimo rendimento’ de suas operações ao que se soma ‘o alto nível de absentismo, indisciplina, agressividade e anarquia que impera em um grupo de trabalhadores’”. Como sempre, o explorado tratando de jogar a culpa sobre o oprimido, sobre as vítimas da exploração capitalista que somos os/as trabalhadores/as.

Está claro que a luta conseqüente que tem levado os camaradas de SINGETRAM, dignificando as condições trabalhistas, de segurança e saúde trabalhista, bem como a defesa dos postos de trabalho e a luta contra a terceirização são as causas reais deste fechamento. Trata-se da necessidade do patrão de atacar o sindicalismo classista e combativo, para aumentar a exploração dos trabalhadores e aumentar a mais valia. Isto não está só claro para a gerencia de MMC Automotriz senão para a burguesia venezuelana em geral. Não é casualidade que no dia seguinte que se tornava público o fechamento unilateral da montadora, Noel Álvarez, presidente de FEDECÁMARAS (Sindicato Patronal na Venezuela), declarasse em roda de imprensa seu apoio ao fechamento, atacasse o sindicato assinalando que “o que está sucedendo com a montadora (…) obedece a um aprofundamento dos conflitos trabalhistas, que tem acontecido de maneira recorrente em outras empresas, quando um grupo de sindicalistas em vez de defender seus interesses, atuam de maneira política” e adicionalmente “advertiu que não só resultará afetada a economia do estado Anzoátegui, senão que também uma grande quantidade de trabalhadores vão ficar desempregados”. Inclusive em um arrebate de cinismo, Álvarez chegou a dizer que os empresários estão “empenhados” em tratar de melhorar as relações. Isto quando não só desde 1998 estamos vivendo o período de maior “greve de capitais”, isto é, dos próprios patrões, no país e sobretudo nos últimos anos tem aumentado a campanha de sabotagem por parte da burguesia à economia nacional, agravada agora pela atual crise capitalista que está golpeando o país.

“O incremento dos sindicatos é de 300% aproximadamente e, em sua maioria, têm caráter partidária, o que causa paralelismo sindical e a paralisação de atividades, que afetam profundamente a corrente produtiva do país”, assinalava Álvarez. O problema central para a burguesia, como temos assinalado diferentes vezes, é que produto do processo revolucionário deu um re-impulso à consciência e combatividade da classe operária e tem varrido em muitos casos com a velha burocracia sindical, submetidas aos desejos da patronal e complacente com as retiradas dos direitos trabalhistas a os/as trabalhadores. Segundo escreveu o diário burguês O Nacional, “os problemas sindicais têm estado marcados pela penetração de ideologias políticas que nada tem que ver com as reivindicações contratuais e afetam a empresas, empregados e consumidores”. É justamente a elevação da consciência de classe e os elementos de democracia operária que se geraram em muitos dos novos sindicatos que têm surgido desde a base o que realmente teme esta gente. É justamente o questionamento às relações de produção, a entender que o poder real está é em mãos dos trabalhadores e que não precisamos de patrões e empresários para produzir, porque somos justamente nós quem geramos a riqueza. Este é caminho que está propondo o Presidente Chávez e que estão seguindo os trabalhadores de MMC automotriz.


A inspetoria do trabalho opõe-se ao fechamento.


O Ministério do Trabalho imediatamente qualificou a ação dos gerentes como um fechamento patronal unilateral injustificado e exigiu a imediata abertura da planta e o reinicio das atividades produtiva, tudo isso ademais quando os camaradas de Singetram demonstraram a falsidade das imputações do pleito que apresentava a empresa.. Assim mesmo, a inspetoria, mediante decisão administrativa adotada desde a mesma segunda-feira, impôs a MMC Automotriz a obrigação de pagar os salários e benefícios trabalhistas devidos para os/as trabalhadores/as, dado que a suspensão se deriva de uma ação unilateral do patrão, segundo escreveram os meios. No entanto, a gerencia negou-se à reabertura indicando em um comunicado que supostamente “Não estão dadas as condições de segurança necessárias para operar e, portanto, se justifica a paralisação das atividades”. Em concordância com sua argumentação inicial para o fechamento da planta, o comunicado com que recusavam a ordem de reabertura indicava que “Panfletos e cartazes com ameaças à vida de vários colegas de traabalho, quem têm interposto denúncias no Ministério Público, demonstram que o clima de agressão e violência imperava dentro das instalações da empresa sob uma absoluta impunidade”. No entanto, recordemos que é a própria gerencia de MMC Automotriz a que esteve implicada na repressão sangrenta com o assassinato dos colegas Pedro Suárez e Javier Marcano, bem como vários feridos de bala quando usando um comando do GRIP de Poli Anzoátegui tentaram retomar o controle da planta a sangue e fogo no último dia 29 de Janeiro de 2009.

No que diz respeito às acusações da gerencia de MMC Automotriz, já o camarada Félix Martínez secretário geral de Singetram, tinha esclarecido que enquanto no último dia 21 de março se chegou a um acordo com a empresa de produzir 60 veículos ao dia, “isto estava condicionado a que MMC cumprisse com os benefícios trabalhistas. Em vez disso, vêm acossando aos trabalhadores, incitando à violência. Queremos deixar claro que o que está passando dentro da empresa é unicamente responsabilidade da gerencia que não tem capacidade de responder”. Inclusive assinalou a grave situação humanitária que se gerava com a suspensão por parte da empresa de “as terapias de reabilitação de 125 doentes ocupacionais”, parceiros/as que tinham gastado sua saúde lhe produzindo riqueza a estes parasitas em condições de super exploração que agora os querem jogar como se fossem sucatas.

Sucesso da Assembléia popular para formar A Comuna Socialista.

Este conflito novamente tem demonstrado o papel primordial que pode e deve jogar a classe trabalhadora na revolução e a importância da democracia operária nas organizações sindicais e como estas podem nuclear e promover a criação de órgãos de luta revolucionários que aglutinem não só aos trabalhadores/as de uma empresa em particular, senão também construir a unidade da classe através da luta concreta e se aproximar aos demais setores oprimidos. Já desde o dia 25 de Agosto, quando os trabalhadores/as de MMC Automotriz se reuniram com representantes do Ministério do Trabalho em Anzoátegui para iniciar os procedimentos legais para responder as pretensões do patrão, o Singetram anunciava que o caminho para lutar contra as pretensões de fechamento da planta passava pela ação conjunta dos trabalhadores da zona industrial de Os Montões de Barcelona junto aos Conselhos Comunais da zona e seus arredores, além da participação de camponeses e estudantes.

Assim, no último dia 28 de Agosto se realizou na Zona Industrial de Os Montões uma grande Assembléia Popular onde participaram os diversos sindicatos que da região, bem como conselhos comunais dos arredores, esclarecendo a situação do louckout ("greve" patronal) e propondo a idéia de criar na zona uma Comuna Socialista tal como tem proposto pelo Presidente da República que desde as bases e de maneira organizada de respostas concretas aos problemas que afetam a os/as trabalhadores/as da zona mas também às comunidades proximas. Fizeram-se os preparativos para instaurar uma grande assembléia realizada no sábado 5 de Setembro para conformar uma equipe promotora da Comuna Socialista, aglutinando à maior quantidade de sindicatos da zona, bem como Conselhos Comunais, Camponeses/as e Estudantes.

Com mais de 750 pessoas, no sábado iniciou-se esta nova assembléia com a participação da maioria dos sindicatos da zona industrial, conselhos comunais de Barcelona e inclusive alguns de Porto A Cruz, parceiros/as da Frente Nacional Camponês Ezequiel Zamora e estudantes da UNESR e UDO principalmente. O ambiente era claramente de entusiasmo e combatividade. Desta maneira, discutiram-se não só os problemas trabalhistas que há nas empresas da zona industrial, particularmente o caso de MMC mas também de empresas como VIVEX, que leva já mais de 8 meses de ocupação ante os ataques do patrão. Uns 50 assistentes à Assembléia decidiram-se a constituir ativamente o Comitê Promotor da formação da Comuna Socialista da Zona Industrial dos Montões e assim começar a dar soluções concretas aos problemas que afetam à zona.

Vitória operária e popular: Derrotado o louckout ("greve" patronal)


Já na tarde de ontem nos comunicavam os camaradas de SINGETRAM que finalmente o patrão tinha desistido do fechamento e se firmou a data para a reabertura da planta no dia 21 de Setembro. Segundo uma nota publicada no dia de hoje pelo diário burguês O Tempo, “A montadora anunciou o reinicio das operações para o próximo 21 de setembro, assinalando que diversas disposições legais abrem passo à restituição das condições de segurança para funcionar.” Adicionalmente, a nota do Tempo assinala que “Sem oferecer detalhes do acordo atingido entre a empresa e seus trabalhadores, a planta assinala, mediante um comunicado, que prosseguirá em seu plano de melhoras relativas a higiene e segurança trabalhista, e espera que se cumpra a ordem legal que proíbe a circulação, dentro de suas instalações, de propaganda que incite à violência.”

A realidade é que o patrão tem tido que desistir como conseqüência da correta mobilização dos trabalhadores não só de Mitsubishi senão de grande parte da zona industrial, envolvendo ao PSUV, à Frente Socialista de Trabalhadores e a unidade de ação construída em diversas assembléias populares na qual participaram também camponeses, estudantes e conselhos comunais da zona. A tarefa é agora continuar organizando à base revolucionária, desenvolver as patrulhas trabalhistas do PSUV para que os trabalhadores e as comunidades estejam preparados para as novas arremetidas da multinacional MMC e impulsionar a Comuna Socialista do parque industrial "Os montões" com o fim de dar solução ao abandono ao que a burguesia e a burocracia estatal tem abocada à zona.

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