domingo, 20 de setembro de 2009

México: Carta aberta pela estatização de Olympia sob controle operário

Companheiros

 

 

Abaixo nos da fábrica ocupada Flaskô e do Movimento Nacional de Fábricas ocupadas publicamos carta dos companheiros da Olympia, fábrica em luta no México, e pedimos o apoio de todos pois esta é a mesma luta que desenvolvemos no Brasil.

 

 

Pedro Santinho

Coordenador do Conselho de Fábrica da Flaskô

Movimento de Fábricas Ocupadas

 

(11) 9930-6383

http://www.defenderaflasko.blogspot.com/

 

 

 

México: Carta aberta - Pela estatização de Olympia sob controle operário
escrito por Gerardo S. Xicoténcatl Lima

15 September 2009

Os trabalhadores da fábrica Olympia de México S.A. de C.V. estamos em greve em defesa de nossos direitos. No próximo dia 15 de setembro nosso movimento grevista cumprirá oito meses.

Felipe Calderón Hinojosa
Presidente de México

Enrique Peña Neto
Governador do Estado de México

Javier Lozano
Secretário do trabalho

Fernando Gómez Mont
Secretário de gobernación

María Guadalupe López Pérez
Presidenta da Junta Especial #29 Federal de Conciliación e Arbitragem



PRESENTES:

Como vocês sabem, nós que trabalhamos na fábrica Olympia de México S.A. de estamos em greve em defesa de nossos direitos. No próximo dia 15 de setembro nosso movimento grevista cumprirá oito meses. A greve começou  diante do reiterado não cumprimento pelos patrões de uma série de encargos trabalhistas estabelecidas na Lei Federal do Trabalho e por nosso Contrato Coletivo, e porque ademais eles simplesmente deixaram de pagar nossos salários correspondentes às duas primeiras semanas de janeiro. Ante os abusos e o cinismo dos altos diretores e os proprietários da empresa, não nos sobrou outro remédio que o de tomar o caminho da greve para reclamar o que legitimamente nos pertence.

Desafortunadamente este conflito trabalhista estendeu-se já em vários meses diante da falta de seriedade da empresa para atender todas nossas demandas. Isso tem sido a tônica geral por parte dos patrões ao longo dos oito meses de greve; diante tal indiferença e o evidente desinteresse dos patrões para pôr a produzir a empresa bem como para manter nossa fonte de trabalho aberta (tanto a de nós como trabalhadores sindicalizados e a de nossos colegas empregados) se transformaram nas razões que nos motivaram a levantar como demanda o pedido do direito constitucional de que Olympia de México seja estatização pelo Estado para salvar da catástrofe provocada pelos patrões e evitar desta maneira que nossos empregos sejam destruídos. Não obstante, não estamos solicitando uma estatização em abstracto, senão que ademais a empresa fique sob o controle e administração direta e democrática de todos os que nela trabalhamos. Pensamos que esta última é a melhor garantia para que uma empresa estatizada prospere e evitar que ao passo do tempo termine sendo arruinada e presa de todas as corruptelas e rapina produto de uma administração sob mãos de representantes do governo.

Desgraçadamente, enquanto a empresa tem retrocedido em certa medida fazendo-nos diferentes ofertas para terminar a greve, a atitude de indolência segue sendo muito similar à que se tinha desde que começou a greve no passado 15 de janeiro. Consideramos insuficientes as ofertas feitas até o momento pelos patrões, mas também pensamos que o objetivo que pretendem estes últimos é o de nos obrigar a ceder em nossas demandas, utilizando o esgotamento e o desgaste como recursos. Todo isso ao mesmo tempo que estamos convencidos de que em tudo isto, tanto as autoridades federais como estatais, têm sido cúmplices de dita estratégia e se puseram a serviço dos patrões de Olympia de México S.A. de C.V.

Lamentavelmente, e para má fortuna dos patrões e as autoridades governamentais, o estratagema que organizaram na contramão de nossa greve tem fracassado rotundamente. Nossa luta, contrário ao que vocês esperavam, se fortaleceu ao longo de todos estes meses, conseguindo ademais o apoio manifesto e com ações concretas de uma camada importante de sindicatos e sindicalistas de México e de vários países mais. Hoje nossa moral é boa e nossos ânimos por defender o que legitimamente é nosso e de nossas famílias se fortaleceu. Não cederemos até nos sentir satisfeitos de que o que se conseguiu é a reivindicação de nossa luta. No entanto o que não vamos seguir tolerando é da patronal a estratégia de desgaste nem a cumplicidade com isto por parte das autoridades federais e estaduais. Não vamos seguir tolerando nenhuma forma de deboche mais e, pelo contrário, intensificaremos mais nossas ações desenvolvendo uma agitação ainda maior entre as fábricas da região do Estado de México em que se localiza Olympia de México S.A. de C.V, bem como em outros pontos do Edomex e do DF.

Chamaremos com mais força ainda a todos esses trabalhadores a que sigam o mesmo caminho que o nosso em defesa de seus interesses e desenvolveremos mais mobilizações. Temos sido pacientes, mas a paciência está se esgotando. Se a empresa e as autoridades governamentais seguem pelo mesmo caminho não nos deixassem outro remédio mais que o de fazer exatamente o que fizeram os operários argentinos da fábrica de cerâmicas de Zanón que, depois do fechamento patronal da empresa, no ano 2000, tomaram a fábrica sem permissão de ninguém para a pôr a produzir sob seu controle direto. Dessa forma os operários argentinos de Zanon iniciaram a luta pela defesa de sua fonte de trabalho, fazendo ao patrão de um lado e na contramão da vontade do governo desse país. A determinação dos trabalhadores de Zanon por seguir adiante já tem dado como resultado que recentemente, em agosto passado, o parlamente argentino tenha votado e avalizado a expropriação definitiva de dita empresa a favor dos trabalhadores. Se alguém de vocês não conhece esta história basta apenas que marquem ao número telefônico da embaixada argentina para que lhes dêem um relatório detalhado ao respeito e das enormes dores de cabeça que tem significado tanto para a burguesía como para o regime argentino, o movimento de fábricas recuperadas sob controle operário. Se não nos deixam outro recurso, não nos ficará outro caminho aos trabalhadores de Olympia de México S.A. de C.V. mais que o de atuar exatamente da mesma maneira que o fizeram nossos irmãos de classe em Zanón.

É por todos os argumentos antes expostos que todos os trabalhadores de Olympia de México S.A. de C.V. novamente nos mobilizaremos nesta próxima quarta-feira 23 de setembro em direção à Câmera de Deputados, em San Lázaro, para exigir formalmente a expropriação de nossa empresa. Desde nosso ponto de vista a melhor garantia de salvar nossos empregos e defender nossos direitos como trabalhadores é arrebatar a empresa das garras dos patrões.

Ao mesmo tempo, nessa jornada de luta também exigiremos que as autoridades trabalhistas tirem suas mãos de Olympia de México deixando de atuar de maneira parcial e em cumplicidade com os patrões.

Assim mesmo, aproveitamos esta oportunidade para convidar a todos os jovens estudantes e trabalhadores a unir a esta jornada de luta participando ao lado de nós e se mobilizando na quarta-feira 23 de setembro. A ação será às 8 am no estacionamiento do Burguer King localizado na esquina de Boulevard Porto Aéreo e a Calçada I. Zaragoza.

Os trabalhadores de Olympia de México S.A. de C.V. já estamos incomodados das cumplicidades entre patrões e o governo; já estamos cansados de que nossos direitos sejam pisoteados; já estamos fartos da exploração capitalista. Não desfaleceremos em nossa luta e iremos tão longe como tenhamos que ir contanto que nossos direitos se façam valer.

Atenciosamente

Gerardo S. Xicoténcatl Lima

Secretário Geral do Sindicato Industrial de Olympia de México S.A. de C.V.

Sindicato valente que luta por sua gente!

13 de setembro do 2009

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